O Encantador de Velórios

Em um dia de calor, um dia frio ou um dia como qualquer outro, pessoas infelizmente falecem ,devido ao tempo de vida ou devido ao que fizeram nesse tempo e todos os dias há velórios, caixões em pintura natural envernizados com alças de corda ou prata.Em cima de uma mesa ou um suporte, pessoas chorando segurando o falecido, outras dizendo como tal pessoa era tão gentil, amorosa, e todos elogios que os mortos recebem qualidades que ninguém virá quando vivo.Um café amargo e gelado é servido todos lamentam e tomam aquilo como se fosse aliviar tua dor, porem, não foi sempre assim àquela tristeza já foi alegria. uns tempos atrás existiu um homem em uma cidade pequena do interior chamada Felicidade que com sua gentileza e humildade transformava um velório em alegria.
Certa vez o velho da padaria bateu as botas, com duas padarias na cidade quase metade da cidade compareceria ao velório.Ao alto do meio-dia estavam todos lá, os quartos da casa se enchiam de gente cochichos ao lado da viúva que há meses haverá casado-se com o falecido e iria receber toda a Herança do tal cadáver.Choros, gemidos e lágrimas na mesma amargura e tristeza de sempre, e um homem nunca notado, aparece com chapéu na mão apertado ao peito,magro, olhos grandes , barba mal feita ,sorriso amarelado ,e as bochechas vazias como bexigas sem ar,um paletó xadrez marrom rasgado uma camisa surrada escrita ‘eu te amo’, uma calça social preta com um lenço costurado ao joelho , sandálias um guarda-chuva e um relógio de bolso com a hora errada era só o que tinha,e chegou sorrindo, perguntando á um dos moleques que haverá ali:
-Olá Criança.Onde Está o tal velho?
-‘Tá lá no andar de cima’-responde pois a casa do velho era grande nenhuma casa de felicidade terá dois andares a não ser a do prefeito do padeiro falecido e a Paróquia que possuía o andar dos sinos.
Foi subindo as escadas de cerâmica, cumprimentando á todos como se conhecesse cada fuça e boca daquele lugar, os comentários apareciam aos poucos ‘quem será?’ , ‘o que este homem quer aqui ?será que conhecera o falecido?’.Subindo ,subindo como se não pudesse ouvir os curiosos sussurrados de ouvido á ouvido, chegou dirigiu-se á viúva tirando um lenço limpo do seu chapéu sujo indagou:
-Qual é sua graça minha senhora?
-Madalena.-Respondeu enxugando os olhos.
-Pois muito prazer, meu nome não sei, mas vim trazer boas noticias.
‘Deve ser mais um mendigo que come em velórios’ -pensou a viúva
Ele põe o chapéu em cima do caixão junto as mãos do falecido e começa a falar:
-Nossas vidas tomam traços diferentes á todo momento, e dormimos hoje não sabendo se vamos levantar novamente amanhã, dia após dia vivendo sem certeza do amanhã mas a vida é assim, e aquele que se opõe a essas palavras levante-se e prove contrário.-um silêncio intercalou os cômodos da casa todos ouviam pois aquele magrelo gritava, ninguém se opôs ninguém se manifestou e o próprio continuou- não venho trazer más noticias –pegou uma cadeira e subiu em cima, com velas , velhas de véu e um chororó prosseguiu –Venho trazer o que me ofereceram á o pobre padeiro que se foi antes da hora.–todos pensavam é um lunático , está louco e iniciou uma contagem com o relógio na mão e a outra mão sob o chapéu junto com as mãos do defunto :
-UM- as luzes falharam – DOIS – começou a chover como nunca haverá chovido em felicidade- TRÊS- ventos vindo do sul sopravam os véus das beatas e os vestidos das ciganas- QUATRO- a Casa estremeceu e a gritaria começou o homem levantou o relógio e disse:-CINCO –Todas as velas e luzes dos quartos da cidade se apagam gerando espaço para o silencio logo quebrado por um suspiro de quem voltará á vida o velho levantou-se sentando no caixão, gritos de pânico,Choro de felicidade, pessoas surpreendidas .
O Homem Haverá Sumido, somente a viúva o viu indo embora e contava sempre que lhes perguntavam:
“de longe se via aquele homem indo cruzando a esquina apoiando o guarda-chuva no chão e sumindo.”

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